2 de outubro de 2013

A Cariúcha

        E lá fui eu para mais uma de minhas aventuras. Saí de um Rio para outro Rio, completamente diferentes. Algumas horas no avião, cabeça doendo, nervosismo e uma linda imensidão azul e branca pela janela. Novos ares e um olhar já conhecido.
        Uma inundação de cultura veio para que meus neurônios fizessem mais sinapses, gerando tudo que é tipo de pensamentos e sentimentos, e para temperar minha alma.      
        O tradicionalismo e as zoações em cima do meu sangue e minha língua carioca me assustaram um pouquinho. Sim, foi quase nada. De alguma forma muito gostosa, esse gaúchos me deixaram à vontade sem eu ao menos perceber. O guri do aconchego. A irmã sagitariana. Os meninos da Praça. A mulher de Alma boa. O querido da cultura. Entre muitos outros que eu troquei palavras ou observei de longe. Todos foram muito impostantes para mim, cada um em sua medida e quesito.      
        E não foram só as pessoas que me deixaram tão atraída por aquele lugar. Os locais, as paisagens que não sei exatamente se era apenas um vislumbramento de quem gosta de viajar e aprecia esses momentos de olhar para o horizonte mas eu senti uma energia muito boa em cada visita, em cada olhar.      
        As gírias aprendidas, o chimarrão não muito apreciado, o sotaque gostoso, o churrasco delicioso, o ar puro...      
        Bah! E esse sentimento doido aqui dentro? Deve ser porque, como A mulher de Alma boa me nomeou, sou Jéssica Cariúcha, muito prazer!      
        Apesar do que vem acontecendo, eu amo a terrinha. Mas os pampas? Eles são incríveis! Espero estar logo de volta.
     
        Bah, tchê! Foi tri!

7 de junho de 2013

A Carta

        Meu querido amigo, aprendi muito com você, me tornei você, ou pior que você. Suas desaventuras em série chicotearam seus efeitos colaterais em mim. Percebi o que você falava, do pouco, entendi. Entendi que a mente é algo cíclico e erótico do sujeito e suas diretrizes o comandam. Você abandonou o caso mas a paciente já não está mais sozinha, está acompanhada por seus anjos delirantes e protetores. E se isso não for real, não há problema. Ainda sim ela está bem, mesmo sozinha.
        Ela compreendeu o valor do seu ser, compreendeu que não há porque falar para os Sete Mundos, o que há com ela. É tudo uma grande bobagem. Algo que vai além do sonhos e das análises não deve ser descartado mas também não precisa receber total atenção. É necessário apenas alguns comprimidos para tudo se esvair pelo vento, sem se sumir por completo.
        Eu era essa paciente. Você era. Você foi o tempo todo o sujeito analisado mas você nunca trabalhou comigo como a psicanálise pede. Os casos são mais fortes. Estamos de alta. Libertados.
        Anna O. te conquistou e você saiu correndo, depois de ter plantado algo nela. E eu só observei, sentindo o cheiro de pudim ao longe que talvez seja a lembrança dos seus doces. Me perdoe por fugir também mas preciso que o método de associação livre recaia sobre mim. Preciso ser livre ao me trancar, ao ser fria na minha subjetividade. Já não há uma relação simétrica. Preciso achar o devido lugar ao qual pertenço, sem atos falhos.
        Cansei da neurose e da histeria.
        Até breve meu amigo Freud, que nos encontremos nos lindos campos da sua época e que possamos divagar sobre nossas teorias. Venha me visitar se quiser para tomarmos um vinho ou um conhaque, fumarmos um charuto e liberarmos o libido, onde um charuto será apenas um charuto.
        Um grande abraço,
        Sua Queria Amiga.