22 de junho de 2012

Palhaçada


       Para ser sincera, por trás da maquiagem dessa palhacinha com um sorriso inocente, há uma gosta rabiscada que não se cansa de cair junto com muitas outras companheiras. Não quero estragar a brincadeira mas as vezes o circo é grande demais. Fica difícil de respirar com esse nariz de palhaço. E o tiro, tiro a maquiagem, arrumo o cabelo como algo "normal". Boto uma roupa menos colorida e me sento em frente ao computador apenas como uma pessoa comum.

       O problema é que eu não quero ser uma pessoa comum, ou pelo menos o que dizem ser uma pessoa comum. Talvez o "normal real", ligeiramente louca e altamente sonhadora, e realizadora, porque sonhar não basta pra mim. Eu tenho um objetivo e vou até o fim. Minha cabeça está feita, apesar de não acreditarem. Posso agir dessa ou daquela forma mas sou eu que receberei a reação de tudo que faço.

       A palhacinha apenas quer viver pelas ruas dançando e fazendo as pessoas felizes, não esquecendo de si. Quer que a maquiagem se torne algo verdadeiro e que o sorriso fique estampado em seu rosto como uma foto que dura para sempre, mesmo tendo plena noção que em alguns momentos a expressão será outra assim como as máscaras do teatro. A vida é assim. Mas ela, a palhacinha, só quer o local e as pessoas que a deixam melhores por perto, que mesmo nos piores dias ela possa olhar em volta, respirar fundo e sentir que está aonde deveria.

       Ela só quer ser realmente feliz.

11 de junho de 2012

ElosQuentes

       É só eu parar para pensar que as lágrimas surgem. São lágrimas sei lá de que, devem ser de quando a gente tem saudade. Pensar e lembrar de cada experiência, cada momento. Um filme vai passando na cabeça. E as vezes parece que merecia ganhar um prêmio de melhor roteiro, melhores atores, melhor cenário.

       Podem me chamar de sentimental, boba, emotiva demais, exagerada que eu simplesmente não me importo. Se é assim que se chamam as pessoas que sentem o que eu to sentindo, então sim, eu sou tudo isso.
     
       E o bizarro disso tudo é que esse turbilhão veio do nada. Essas pessoas pousaram em nossas vidas como verdadeiros anjos, loucos e risonhos, num festival, à noite numa mesa de bar, e no dia seguinte já nos cumprimentávamos no café da manhã como se já nos conhecêssemos de outros carnavais. E ali estávamos no final, como brincadeira do destino, os dois grupos como os últimos a ir embora. E eu posso dizer que aproveitamos até o último instante, até o corpo estar muito cansado ou até o ponteiro avisar que era a hora de ir.
     
       Cada abraço apertado na despedida, e cada palavra ou olhar de despedida será guardado até que possa ser renovado e essa é uma promessa.
     
       E logo se chega num caos. Uma cidade grande e barulhenta com não tão bons cheiros como o campo na cidadezinha do interior e suas ruas de pedra. As vezes me passa na cabeça de fazer uma loucura e escapar disso. Mas as coisas não são tão fáceis assim não é? Nem tudo depende da gente e o mundo não é um lugar no qual conseguimos seguir nossas paixões facilmente e viver disso. Mas que a vontade ainda reside em mim, isso sim!
     
       Mas a vida segue. E ao longe os elos continuam fervilhando e colorindo. Felizmente já sinto meu bigode crescer e corta-lo, jamais.