20 de julho de 2011

Frio

       Casacos e mais casacos. Cachecóis aquecendo os pescoços. Um dia frio, nublado mas bonito. Talvez pela paisagem, talvez pela companhia. Sua pele branca agora assume um tom rosado nas bochechas. Aqueles olhos claros como sua alma, se modificam com o ambiente e agora está beirando um azul. Tão bom olhá-los e não ver nenhuma resistência. Poder se infiltrar numa pessoa apenas por um olhar.
       Sua boca, não muito grande, também está mais rosada pelo mesmo motivo, o frio. Seus cabelos castanhos não estão se movendo como num belo verão. Estão cobertos por um gorro de lã, deixando apenas alguns fios respirarem.
       As extremidades desprotegidas de nossos corpos, orelha e nariz, estão geladíssimos. Estamos parados sobre um rio famoso. Isto só ajuda para que o vento passe um pouco mais feroz, talvez desejando que as pessoas ficassem em casa.
       Nossos dedos estão entrelaçados. Apesar estarmos com luvas e essas impedirem que nossas peles se toquem nessa sutil demonstração de companheirismo, sinto a pressão de casa músculo e cada osso de sua mão sobre a minha, a recíproca foi verdadeira.
       Apesar de todo o clima, não resisto e deixo uma das mãos desprotegidas. Num quase impulso, ela se encaminha para o outro rosto. Toco cada parte, alternado a palma e as costas da mão. Fecho os olhos e continuo a toca-lo como se quisesse gravar cada pedacinho, mesmo se vivesse no escuro. Acabo descobrindo, com um sorriso espontâneo, que já conheço.

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